Na Medida do Possível

Fique por dentro do que rolou na sala de aula, principalmente se você tiver dormido no meio dela...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Mais um adeus, do último abraço

Bom dia! Esse conto foi escrito pela Paula! É um conto muito bonito, vale a pena ler.. Mandem contos, poemas, textos.. porque Na Medida do Possível está ficando muito parado! Valeu :D


Mais um adeus, do último abraço

Foi assim que terminou, ele chegou e a abraçou, conversaram coisas bobas, sobre coisas que nem se fazia gosto de conversar, coisinhas bobas, qualquer besteira, tudo pra não chegar ao assunto que eles deveriam tudo foi uma desculpa, porque acho que já previam o fim de tudo naquela noite de segunda; mal seus olhos se cruzavam mesmo quando estavam sentados um do lado do outro; medo, vergonha, raiva, quem saberia explicar o que passava na cabeça daqueles dois bobos que uma vez foram um só naquela hora?
O silêncio foi chegando, e foi se percebendo que estava na hora de fazer o que se devia ter feito antes que se houvesse carregado no ambiente tanta mágoa, e aconteceu, ela foi franca, pra ser sincera, muito mesmo! Ele começou falando manso, sem saber se aquilo ia levá-los a algum lugar, mas falou; tentou driblar os acontecimentos e até mentiu, mas acabou dizendo a verdade quando descobriu que ela já sabia de tudo e espera ouvir cada palavra que lhe foi contada, APENAS DELE! Por um momento ela pensou que era muita pretensão dele tentar omitir tanta coisa, mais depois pôs a cabeça no lugar e viu que coisas como essas eram realmente difíceis de serem ditas. Ele chorou, ela também, embora diferente dele, ela tentou prender o choro quase todo tempo e se mostrar forte, mas suportar aquele nó na garganta foi pior que tudo e ela acabou por se derreter em lágrimas mesmo. Discutiram, riram mesmo chorando de algumas coisas que lembravam outras coisas, mas que no fim lembravam os dois e como o passado tinha sido bom, gesticularam, ouviram o que se tinha pra dizer da parte dos dois, ficaram sem jeito, fingiram se distraí com qualquer coisa que passava na TV, ficaram em silêncio e em seguida retomaram o assunto. Olharam-se poucas vezes cara a cara, mas por vezes se pegaram olhando um pro outro por dentro do cabelo, ou pelo boné, ambos sem querer serem descobertos. E pra ela, nunca doeu tanto dizer alguma coisa além das frases que diziam no contexto geral, "você me perdeu”, "eu não consigo mais acreditar”. Parecia que naquela hora ela deixou um pouco o coração de lado e deixou a razão falar mais alto, porque impossível realmente é se colocar na linha de tiro sempre é impossível colocar o cara como sua prioridade sempre quando se é o ultimo plano, é inaceitável que haja tanta mentira onde se jurava ter tanto amor,é impossível dar mil chances a alguém que você sabe que ainda não sabe o que quer,é impossível ficar sempre pronta pra começar de novo e de novo, pra saber como vai terminar, é triste pensar que os dias bons são tão bons que vão te deixar arrasada quando aqueles dias passarem. Só sei que na cabeça dela, mil coisas se passaram ali, ela chorava não somente pelo que ele havia feito, mas também porque sabia que junto com aquele adeus iriam embora também, milhões de coisas que lhe pareceriam vitais; como a voz do cara, o jeito como ele segurava sua mão, os beijos que ela tinha ganhado, os abraços, os sorrisos e a cumplicidade que existia ali,era por isso que ela sofria,era isso que mais apertava o peito, não pelo cara em si, porque caras são caras, mas pelo que aquele significou pra ela e pelas coisas que foram vivenciadas, mas como ele mesmo disse: A VIDA É FEITA DE ESCOLHAS! E finalmente ela fez a dela, e a perda ia ser apenas uma consequência que ela ia ter que suportar e aprender a lidar, e na intensidade em que tudo foi, deveria terminar daquele jeito, mesmo que parecesse frio a quem ela contasse depois ou a quem quisesse achar mesmo, e foi assim que aconteceu. Foi no contraste da sala escura e na mudança de imagens que acontecia na televisão ele disse para ela:
- Acontecer isso não muda o fato de você sofrer por mim, eu sei você já chorou por minha causa, e dói saber disso, e o maior de tudo é que esse amor é verdadeiro, eu te agradeço chego a dizer que talvez eu não mereça todo esse amor, porque eu sou um fracasso uma pessoa que não sabe lidar com sentimentos, mas um dia eu aprendo e quero te retribuir tudo em dobro. Sabe tem tanta coisa que me lembra você e paro e penso qual é a causa pra que eu e Paulinha não estejamos mais juntos, eu me pergunto e fica aquela confusão de eu não saber o porquê é tão difícil, eu já quis ser feliz com você, eu fui, aliás mas por pouco tempo, e parecia tão perfeito , muita coisa aconteceu Paula, eu tenho saudades demais disso! Mas como é o mundo, e não temos como parar o tempo eu digo nada acaba por aqui, se a liberdade deixasse eu pularia pros seus braços, mais ainda tem uma coisa que me impede e eu ainda descubro isso, sabe quando a gente se guarda tanta coisa pra nós mesmos? Então eu sou desses caras, não demonstro amor, nem felicidade, e muito menos tristeza, sabe, às vezes, procuro ser feliz escondido de mim mesmo, você nunca me viu sorrir tão fácil não é mesmo? Eu não me entendo às vezes, penso que perto de você eu deveria estar morto, pra que não te visse desta maneira, você não merece isso nunca mereceu, você merece ser feliz mesmo muito feliz, você é uma garota demais aprendeu a amar que de alguma forma se tornou o melhor de você, isso te deixa forte porque alias passar por tudo não é nada fácil, então eu só quero que saiba que nem a esperança, ou minhas preocupações não demonstradas vão me deixar esquecer de você ou até mesmo dizer que eu nunca te amei, quero que o tempo passe pra eu reveja essa história tudo de outra forma, pensa nisso. Sinto muito, feito um anjo, céus, deixe-me pensar que era você. Mas eu temo. Eu me arriscaria de novo, cairia, levaria um tiro por você. Eu estou me segurando em sua corda, deixou-me a 10 metros do chão.
Depois, os dois se abraçaram, e com direito a soluços, choraram mais uma vez, e naquele abraço tudo acabou.


Matheus Morato

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